quarta-feira, 31 de agosto de 2011

You met me at a very strange time in my life

Marla: You shot yourself?
Narrator: Yes, but it's okay. Marla look at me. I'm really okay. Trust me. Everything's gonna be fine.
[we see out the building windows a building explodes, collapsing upon itself and then another building implodes into a massive cloud of dust. Narrator looks at Marla and reaches to take her hand]

[last lines]
Narrator: [to Marla] You met me at a very strange time in my life.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Planos de vida

Tudo começou quando o departamento de Recursos Humanos, de uma corporação multinacional, quis gastar parte do orçamento que ainda tinha, com um treinamento motivacional. De uma em uma semana, na quinta e sexta-feira, um departamento da empresa iria passar pelo tal treinamento, em um salão de eventos no centro da cidade, onde ouviriam um filósofo falar sobre o que diversos estudiosos falaram sobre motivação, e vivenciariam experiências fora do cotidiano. A intenção dos colaboradores do RH era motivar os colaboradores da empresa, já que uma pesquisa de clima organizacional tinha demonstrado que uma taxa alta de colaboradores não gostava de responder questionários e desenhavam caralhinhos voadores nos mesmos. O que os funcionários do RH não tinham pensado era em como ouvir o que diversos cretinos falaram sobre motivação e imitar leões na selva iria aumentar a motivação dos funcionários em suas tarefas maçantes do dia-a-dia.

Mesmo assim, daquele enorme desperdício de tempo, nasceu uma terrível beleza.

O filosófo contratado pelo RH, para ter uma diarréia verbal sobre assuntos irrelevantes para o dia-a-dia dos funcionários, começou a falar sobre o existencialismo de Sartre. Sendo ateu, Sartre, dizia que o homem era seu próprio projeto, uma vez que sua existência precedia sua essência. O filósofo explicou para os funcionários que o homem existe, mas diferente das demais coisas, não tem um projeto a priori; diferente das demais coisas, que são seres-em-si, o homem é um ser-para-si, devido à consciência. O homem não possui um projeto pré-definido, um desígnio, uma função, um significado, um sentido, um objetivo, um propósito; ele mesmo tem que encontrar um propósito para si mesmo. O homem que tem que projetar sua vida. Sartre defendia que o homem era livre, não sofrendo determinismos, e que quando ele encara essa liberade, sente angústia (muito parecido com a náusea de Camus) e muitas vezes, se refugia em algum projeto de vida pré-definido, fingindo não ser livre, uma atitude denominada pelo autor como má-fé. Infelizmente para o resto do mundo, o filósofo do treinamento motivacional não falou sobre essa última parte, pois tinha que falar ainda sobre a hierarquia de necessidades de Maslow e o fluxo de Csíkszentmihályi.

Ao terminar o treinamento motivacional, e durante o final de semana inteiro, um colaborador do departamento de marketing ficou pensando sobre a falta de essência humana, sobre a falta do projeto pré-definido, e teve uma brilhante idéia: projetar e comercializar planos de vida. Assim como haviam planos de telefonia móvel, planos de seguro de vida, planos de saúde, planos dentários, planos de viagem, pacotes de opções pré-definidas as quais os consumidores tem apenas que escolher, poderiam existir planos de vida.

Na segunda-feira, fez uma reunião depois do almoço com o resto da equipe. Parte do restante da equipe estava com sono e parte fingiu se empolgar com a idéia, para acabar logo com a reunião e poder voltar a ver vídeos no youtube. Depois disso, o colaborador teve uma reunião com a diretoria média da empresa, que gostou da idéia e viu potencial para explorá-la comercialmente. A empresa seria pioneira no ramo de planos de vida.

Na próxima semana, chamaram publicitários, psicólogos, antropólogos, economistas, e estatísticos para criarem as especificações: quantos planos de vida a empresa teria, como seriam estes planos de vida, como seriam compostos estes planos de vida e demais detalhes. Definiram que seriam 12 planos de vida, baseados em arquétipos junguianos e calculados a partir das medidas de tendência central das distribuições de frequência de práticas culturais no mundo globalizado e segmentado por classe econômica. Os publicitários criaram o slogan: "porque quebrar a cabeça escolhendo, se alguém já escolheu pra você?".

Logo que o serviço foi lançado, foi um sucesso. A má-fé prevaleceu, Sartre virou no túmulo desapontado, e encoxado por Nietzsche.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Crise da Porra

Não seria acurado, ou mesmo preciso, dizer que foi um período de transição. Foi repentino. Foi tudo de uma hora para outra. De repente, as pessoas acordaram e viram o mundo-virado-de-cabeça-pra-baixo. Se bem que poderia se dizer que houve pequenas grandes fases até se chegar lá.

Primeiro, os hospitais ficaram lotados. Ninguém sabia do que se tratava, nem como tratar tal anomalia que aos poucos foi se transformando na norma. Depois de alguns dias, diversos especialistas divulgaram suas descobertas na mídia e todos chegaram ao consenso. Os governos de quase todos os países tiveram que dar um pronunciamento oficial: os homens não podiam mais ejacular. Não por decreto ou por razões morais, mas de repente, todos os homens perderam a capacidade de ejacular. Podiam gozar ainda, como menininhos de 11 anos, mas não eram mais capazes de, como diz a bíblia, "desperdiçar sua semente no chão" ou até mesmo de plantar as sementes como o sagrado livro recomenda. De uma hora pra outra, seja por causas divinas, sobrenaturais ou mudanças climáticas, o homem perdeu a capacidade de ejacular. Esse marco na história da humanidade foi chamado pelos jornais como a "Crise da Porra". Alguns falavam de "tempos de seca".

Seguindo os eventos iniciais, as ações dos bancos de esperma tiveram uma disparada, mas logo após, houve saques, tumultos, algumas mortes e os donos dos bancos de esperma voltaram a ficar pobres, pois a propriedade havia sido lesada. O governo tentou intervir, mas chegou tarde demais. Por regulamentação da associação oficial, as produtoras pornô decidiram que nenhuma cena de seus filmes poderia terminar com o procedimento operacional padrão da gozada na cara. As pessoas podiam trepar ainda, e no início treparam ainda mais, como em desespero, como se fosse a última vez. De fato, agora era a oportunidade para muitos homens fazerem o que sempre haviam visto em filmes pornô de antigamente e fantasiado, mas que muitos, por sentimentos de nojo e repulsa de suas parceiras, não podiam realizar: gozar na cara. Agora, eles podiam gozar na cara delas com satisfação, afinal não saía nada de seus pênis, nenhum líquido pegajoso estranho. As mulheres, de início, também ficaram mais satisfeitas por não ter de se limparem após o ato e nem precisarem usar nenhum método anticoncepcional. Mas depois de um tempo, os ânimos de ambos os gêneros se acalmaram, até chegar em um estado de desamparo e apatia coletiva. Todos podiam sentir um fio suspenso na altura da garganta; não era mais subtexto, estava grifado e em negrito: a humanidade estava fadada à extinção.

Porém, o diabo branco sempre consegue inventar alguma forma de foder outras pessoas, mesmo que não consiga terminar com uma jatada na cara. As maiores empresas dos países mais ricos do mundo deram fortunas para os cientistas mais inteligentes determinarem qual era a causa dessa infelicidade e descobrir alguma forma de revertê-la. Ou mesmo se não revertê-la, ao menos descobrir uma forma que a humanidade pudesse se reproduzir, ainda que não fosse possível fazer o homem ejacular. Alguns pensaram em mitose e meiose. Outros fizeram experimentos tentando fecundar mulheres com porra de diversos animais. Outros, no entanto, ouviram notícias mais promissoras: o petróleo havia sido convertido em porra humana. A esperança, que estava brochada, se pôs de pé novamente. Os tempos da seca haviam chegado ao fim.

Começou então toda uma nova civilização, mas muito parecida com a antiga. Os países mais ricos invadiam outros países para explorar seus recursos naturais. O povaréu organizava protestos com placas onde lia-se "No war for cum". Os mais ricos podiam comprar mais porra do que os mais pobres, e assim dar continuidade ao darwinismo social. A política se posicionou como "esquerda" e "direita" da porra. Os economistas se diziam a favor da porra livre, enquanto ativistas políticos denunciavam o protecionismo do Estado em relação à porra. Alguns entraram no tráfico da porra. Os socialistas lutavam por uma distribuição mais igualitária da porra. Os niilistas lutavam pelo fim da porra toda. Todo o resto que você pode imaginar (e sim, se você chegou até aqui, vai ter que imaginar a extração de porra do solo iraquiano) é consequência direta da crise da porra.

(como é que o mundo-virado-de-cabeça-pra-baixo sempre acaba se endireitando?)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O palhaço, o diretor e o porteiro

E é claro que ele tinha esperanças. Afinal, a esperança é a última que morre, logo depois do cretino que ainda tinha esperança, mesmo quando qualquer observador externo pode julgar claramente que esta não é uma situação para se ter esperança.

Ele acordou atrasado. Tinha uma reunião às 10hs da manhã, e já era 8h50. Contando com uma hora de trânsito e mais sua paranoia, ele estava atrasado. Por isso, fez a barba no banho corrido e gelado que tomou, se vestiu o mais rápido possível e saiu correndo. Não que fosse uma reunião realmente importante, ele chegou a pensar, devaneando sobre a possibilidade de ligar para lá, inventando alguma desculpa, como a de que havia caído um meteoro em seu carro; poderia ser uma boa desculpa, afinal eles ouviriam o barulho da rua e do trânsito e ele poderia falar algo para ninguém para que eles ouvissem como se estivesse reclamando com o CET: "Putza. Isso acontece uma vez em cem anos. Tinha que ser bem agora que eu tenho uma reunião importante". Pensou que talvez até presidentes pudessem usar essa desculpa. E pensou então em registrar essa desculpa no cartório, pois se até presidentes a usassem, ele ficaria rico. Mas de tanto pensar, quase ultrapassou o sinal vermelho, justamente quando um CET estava na esquina ansioso para aplicar uma multa naqueles que inventavam desculpas para não ir trabalhar e ultrapassassem o sinal vemelho. Esqueceu sobre o assunto da propriedade intelectual e dos direitos de uso, e se concentrou em ligar e usar essa desculpa, que de tão mentirosa, teriam que acreditar que era verdade; afinal não é sempre que um meteoro cai no carro de alguém. Poderia ir para casa e aproveitar o dia para não fazer nada. Mas depois pensou que remarcariam a reunião para outro dia, então decidiu ir, sem usar sua desculpa genial.

Chegando na empresa, lembrou de fazer sexo ao ver a recepcionista.
- Bom dia.

Era 9h55. Chegou um pouco adiantado até. Passaram-se alguns minutos e eles vieram.
- Bom dia. Aceita uma água ou café? - disseram eles, enquanto ele esperava por sexo
- Não, não. Muito obrigado. Estou drogado.
- Então vamos entrar.

Na realidade, ele não estava drogado. Aquela era uma desculpa muito utilizada pelos presidentes de diversas nações quando não queriam tomar um café com gosto de merda. E realmente, o café da empresa era conhecido pelo gosto de merda, afinal era feito de merda. "100% reciclado" era o texto escrito em diversos cartazes espalhados pelos corredores. A empresa era uma multinacional, e em uma ação de responsabilidade corporativa, a sede mandava toda a merda feita pelos colaboradores que moravam no primeiro mundo (país desenvolvido) para as empresas sediadas em países colonizados.

- Nós queremos matar o diretor - disse a mulher de terno.
- Sim. Isso mesmo - confirmou o imbecil ao lado da mulher de terno - já passou da hora dele ir dessa pra uma melhor.

Acertados os detalhes, especificações do projeto, orçamento e estimativa, numa reunião de 3 horas intermináveis, ele pensou em sexo novamente. Não fazia muito tempo desde sua última trepada, mas mesmo assim, esse tipo de coisa é algo que se pensa ao se fazer qualquer tipo de coisa. Mesmo enquanto se está fazendo sexo.

Tomou um gole de desodorante e ficou atrás da recepcionista, escondido, aguardando o diretor chegar. Na reunião, fora informado de que o diretor tinha uma reunião de manha e que chegaria lá pelas 12hs. Mesmo não estando totalmente ereto, ele pensou em sexo. Afinal, estava atrás da recepcionista e esse tipo de coisa é algo que se pensa ao se fazer qualquer tipo de coisa.

Estava vestido de palhaço, pois era essa sua profissão oficial. Pensou que talvez, se não estivesse com aquela roupa colorida e espalhafatosa, a recepcionista quisesse trepar com ele ("Filhos da puta." - ele pensou - "Tinham me falado que o colorido era o novo preto"). Por isso, tirou a roupa, ficando apenas de cueca. Mesmo assim, a recepcionista não olhou para ele e continou a jogar algum jogo estúpido de cartas no computador e esboçando um risinho de vez em quando, ao ler algo que alguém havia mandado pra ela no msn. Se sentiu estúpido por aquela situação estúpida, e então, colocou sua calça e suspensórios. Enquanto parecia um stripper de boate gay, pensava em como iria realizar a façanha pela qual tinha sido contratado. Uma bela machadada poderia resolver o seu problema, mas uma machadada feia poderia fazer com que a recepcionista não quisesse trepar com ele. Começou a sentir o suor pelas costas, enquanto pensava que seu machado não era bonito o suficiente para dar uma bela machadada na cabeça do diretor. Resolveu então que o mataria afogado.

- É isso! - gritou enquanto ia ao banheiro.

Como palhaço, ele sempre tinha um balde em sua maleta. Afinal, quando você é um palhaço, nunca sabe quando vai precisar esconder o seu rosto dentro do balde para cheirar cocaína para aguentar aquelas mulheres chatas e velhas que pediam que fizesse truques após truques, mesmo ele não sendo um mágico. Encheu o balde de água sanitária (a qual era composta por urina dos colaboradores da sede da multinacional). Tomou mais um pouco de desodorante e voltou a ficar atrás da recepcionista, aguardando a chegada do diretor. Era 8h30 da manhã já.

O diretor chegou de terno com o gerente comercial. Ao ver o palhaço, o diretor ficou surpreso e empurrou o gerente comercial para cima do primeiro, fazendo com que o balde de água fosse derrubado no pobre coitado que só queria realizar algumas vendas naquele dia e alcançar sua meta. O gerente comercial gritava:
- Aaaaaaaargh! Puta que la merda! Meus olhos! Não, as abelhas!

O diretor aproveitou a distração que tinha criado como uma espécie de mágico, virou-se, deu um chute na porta de incêndio e saiu correndo como um puddle de madame ao ver um pitbull; estava consciente da situação: já havia lido em diversas revistas de executivos sobre palhaços mercenários, que devido à crise imobiliária dos EUA, estavam começando a matar pessoas de alto nível dentro das empresas, à mando de pessoas de alto nível das empresas concorrentes. O palhaço foi atrás. Seu coração batia forte e ele podia ouvir os passos apressados do diretor. Ouviu a porta do térreo batendo, e logo em seguida a alcançou. Abriu a porta com cuidado e passou pela roleta cumprimentando o porteiro educadamente, pois sabia que membros da classe dominada podiam se revoltar à qualquer hora e iniciar uma guerra entre classes. Havia lido Marx na época da faculdade, e embora acreditasse que todo o consumismo, individualismo e o hedonismo predominante na sociedade pós-moderna fosse prejudicial ao potencial humano, tinha medo de que algum mendigo fosse morar em seu apartamento, caso o comunismo entrasse em vigor. Em diversas eleições, havia ouvido essa retórica, de que haveria distribuição dos meios de reprodução, por isso, tinha medo de que algum dia descobrissem que palhaços podiam engravidar e com isso, ele tivesse que ser forçado a cometer atos sexuais involuntários para que não fosse considerado um traidor do Estado. Afinal, seu estado era masculino e não admitiria que comunistas barbudos invadissem seu país, duvidassem da sua sexualidade e destruíssem tudo aquilo pelo que os pais da nação haviam lutado. Não concordava com as guerras realizadas em nome do petróleo, mas o comunismo não era aceitável, esse tipo de coisa envolvia sexo e esse tipo de coisa é algo que se pensa ao se fazer qualquer tipo de coisa.

Porém, o porteiro não aceitou seu cumprimento educado, sacou um revolver e apontou para o palhaço.
- Parado aê meliante - gritou o porteiro. O porteiro havia assistido Tropa de Elite 2 no dia anterior.
- Calmaê, parceiro. Você não sabe o que está acontecendo aqui. Eu já li Marx. - se defendeu o palhaço.
- Atira! Atira no filho da puta! Ele tentou me matar! - gritava mais forte o diretor.
- Mas eu já li Marx - dizia o palhaço com esperança.

O porteiro deu dois tiros e o palhaço morreu pensando em sexo, afinal, esse tipo de coisa é algo que se pensa ao se fazer qualquer tipo de coisa.



Marketing po Psicopatologia

















Atualmente, há algo denominado pelo marketing de segmentação de mercado. Consiste basicamente em ao invés de oferecer o seu produto / serviço para todo o mercado em geral, cria-se um foco, especificando um nicho do mercado, um tipo de público-alvo. É uma estratégia de negócios que mostrou-se rentável, principalmente para empresas cujo produto / serviço não tem a propriedade de agradar a massa em geral ou que não fazem questão de agradar a massa em geral (preto pobre não vai pagar muito).

Dentro desse raciocínio, formam-se ou especificam-se segmentos de mercado que tenham maior probabilidade de serem clientes em potenciais, pessoas físicas ou jurídicas que desejam o que a empresa tem para oferecer. Divide-se o mercado por diversas classificações, como faixa etária, renda mensal, número de carros, número de filhos, número de microondas, número de bolas no saco, número de banheiros, número de dormitórios, número de vezes que deu o cu, número de geladeiras, escolaridade, peso, zona residencial, preferência sexual, raça, etnia, hábitos noturnos, profissão, hobbies, marca de cigarro fumado, e o caralho a quatro. Ou seja, qualquer informação que pode ser usada, é usada para vender. É tudo alimento para os bancos de dados ou CRMs (Customer Management Relationship – sistemas de informação de Gestão do Relacionamento com o Cliente) da vida.

Desta forma, vemos propagandas que não são direcionadas especificamente para nós. Uma propaganda de fralda da Jonhson & Jonhson (não geriátrica) é direcionada exclusivamente para pais. A propaganda da G Magazine é direcionada exclusivamente para viados. A propaganda da Playboy é direcionada exclusivamente para homens. O flyer daquela baladinha supimpa é direcionada exclusivamente jovens na faixa etária de 20-30 anos, com condições financeiras suficientes para pagar 5 conto numa latinha de breja. E assim vai... A ação de empreendedores e grandes marketeiros pode estar na busca de mercados ainda inexplorados, ou pelo menos, não explorados à exaustão. Como, por exemplo, o de portadores de psicopatologia.

Cena 1:

Você vai na banca comprar cigarro. Chegando lá, você dá uma olhada naquelas revistas que tem uma mina de quatro na capa com cara de vagabunda (estilo Buttman), pensa algumas indecências, tira o dinheiro da carteira, quando ouve um sujeito de avental branco, provavelmente um médico, perguntando ao jornaleiro (prefiro a denominação “o cara da banca”):
- Opa... Chegou já a edição especial da Playboy?
- Chegou hoje, chefe! Deixa eu pegar aqui...Você, esperando para poder pedir o seu cigarro, fica curioso pra saber qual é a capa da nova edição da playboy. Quando o cara da banca entrega a revista pro médico, você vê uma mulher nua (porém, com a mão cobrindo os bicos das tetas e os pentelhos – afinal, é playboy, nu artístico, não é a revista “Safadas e Gulosas”) deitada numa daquelas mesas de necrotério. A manchete (não sei como que se denomina aquele texto na capa) é “Todas mortinhas, bem paradinhas pra você! + Nessa edição: veja Danielle Cicarelli morta! + As mortas mais gostosas do cinema”.
Playboy Edição especial pra Necrófilos.

Já deu pra pegar o espírito da coisa, não deu?

Cena 2:
Tua namorada, você e as amigas dela procurando uma balada na vila madalena, que falaram pra alguma dessas putas (quase todas as amigas da tua mina – não importa que mina - são putas, pode perceber isso) que era uma balada alternativa, a pampa. Você dirigindo, pára o carro no posto de gasolina pra pedir informações:
- Opa! Ô chefe, onde que fica a... Qual é o nome mesmo?
- É na Mourato Coelho. Número 999. Pergunta onde que fica esse número.
- A Mourato Coelho, número 999...
- Ah, acho que sei onde que é... Você pega a segunda direita depois do farol, vai reto três quarteirões e já tá por lá.
- Beleza. Valeu chefe!
Estaciona o carro fazendo baliza. Puta vaguinha de merda, mas você que não vai pagar 10 conto pra manézinho flanelinha filha da puta. Chegando na porta da balada, o som tá estranho, bem alternativo mesmo, você pega do bolso aquele convite que imprimiu no site de baladas pra ter um desconto VIP. Entrando na balada, você percebe que tem alguma coisa errada... Não. Não tem uns caras de barba sem camisa se beijando e se esfregando um no outro. Também não é um monte de casal fazendo troca-troca. Não é uma balada GLS ou uma festa de swing.

Você entrou na Retardad’s Bar & Lounge. “A balada pra você que é retardado!”

CONCLUSÃO: Tem uma puta de uma parcela do mercado que não está sendo explorada. Os necrófilos, zoófilos, esquizofrênicos, retardados, maníacos-depressivos, neuróticos obsessivos, psicóticos, enfim, todos esses portadores de doenças ou deficiências mentais. Excluindo este nicho de mercado da exploração do marketing, vejo um grande preconceito por parte da sociedade. Afinal, seguindo a lógica que aprendemos desde que nascemos, apenas consumindo que nos tornamos cidadãos. Estamos então, ao nos negar a explorar os portadores de psicopatologia, impedindo que os mesmos tornem-se cidadãos conscientes lutando para consumir mais.

Hoje encontrei Jesus e ele...





















Algumas pessoas encontram sua fé quando mais precisam dela, em uma crise, quando estão na merda, precisando de alguém para poder se apoiar. Outras encontram em momentos que não tão procurando, por isso nem sabem que a encontraram... Salve Éris, Nossa Senhora da Discórdia!

... criada para aqueles que crêem que Jesus (assim como Bush e Mussolini) além de estar sempre vivo em nossos corações, sendo onipresente, está em todo lugar. Debaixo da cama à noite com uma faca, no motel com a mãe do teu vizinho, no boteco pedindo duas pingas com limão, passando a mão na bunda de gambé, na boka de fumo pedindo “dois papel”, comendo trakinas, mandando você à merda, passando sermões mastigados no centro da cidade, lendo pornografia tetrasexual, etc etc e tal... Você que teve uma experiência com Jesus, divida-a conosco. Hoje encontrei Jesus e ele...

Hoje encontrei Jesus e ele me falou que é ateu...
Hoje encontrei Jesus e ele me falou que tava de rebordose...
Hoje encontrei Jesus e ele me deu um chute no saco....
Hoje encontrei Jesus e ele estava imitando o Sloth...
Hoje encontrei Jesus e ele não tava conseguindo entrar no orkut...
Hoje encontrei Jesus e ele me falou que tem medo de grampeadores...
Hoje encontrei Jesus e ele tava vendendo filme pornô da Rita Cadillac dando o cu lá no centro...
Hoje encontrei Jesus e ele me falou que prefere aguardente à agua benta...
Hoje encontrei Jesus e ele tava lutando contra o Esqueleto (inimigo do He-Man)...
Hoje encontrei Jesus e ele me falou que quem não curte Ramones é filha da puta...
Hoje encontrei Jesus e ele me falou que queria comer a Britney Spears...
Hoje encontrei Jesus e ele me mandou tomar no cu...
Hoje encontrei Jesus e ele me falou que o Anakin Skywalker se transforma em Darth Vader no final do Star Wars III...
Hoje encontrei Jesus e ele me falou “Que a força esteja com você”...
Hoje encontrei Jesus e ele me falou que tava com diarréia...
Hoje encontrei Jesus e ele peidou... Filha da puta!
Hoje encontrei Jesus e ele me falou que tem pesadelos com os teletubbies...
Hoje encontrei Jesus e ele tava cantando “Body Count is in the house!”...

O que eu aguento sorrindo, vocês não aguentam nem gritando!












Visualiza a cena:


4 horas da manhã.

Você acorda.

Com uma sensação estranha de que tem alguém te observando.

Olha pra porta do teu quarto e vê esse bicho escroto (Tinky Winky) te encarando e falando:


"hihihihihi vocês vão todos morrer! o governo vai matar vocês! hihihihihihi"