segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Marketing po Psicopatologia

















Atualmente, há algo denominado pelo marketing de segmentação de mercado. Consiste basicamente em ao invés de oferecer o seu produto / serviço para todo o mercado em geral, cria-se um foco, especificando um nicho do mercado, um tipo de público-alvo. É uma estratégia de negócios que mostrou-se rentável, principalmente para empresas cujo produto / serviço não tem a propriedade de agradar a massa em geral ou que não fazem questão de agradar a massa em geral (preto pobre não vai pagar muito).

Dentro desse raciocínio, formam-se ou especificam-se segmentos de mercado que tenham maior probabilidade de serem clientes em potenciais, pessoas físicas ou jurídicas que desejam o que a empresa tem para oferecer. Divide-se o mercado por diversas classificações, como faixa etária, renda mensal, número de carros, número de filhos, número de microondas, número de bolas no saco, número de banheiros, número de dormitórios, número de vezes que deu o cu, número de geladeiras, escolaridade, peso, zona residencial, preferência sexual, raça, etnia, hábitos noturnos, profissão, hobbies, marca de cigarro fumado, e o caralho a quatro. Ou seja, qualquer informação que pode ser usada, é usada para vender. É tudo alimento para os bancos de dados ou CRMs (Customer Management Relationship – sistemas de informação de Gestão do Relacionamento com o Cliente) da vida.

Desta forma, vemos propagandas que não são direcionadas especificamente para nós. Uma propaganda de fralda da Jonhson & Jonhson (não geriátrica) é direcionada exclusivamente para pais. A propaganda da G Magazine é direcionada exclusivamente para viados. A propaganda da Playboy é direcionada exclusivamente para homens. O flyer daquela baladinha supimpa é direcionada exclusivamente jovens na faixa etária de 20-30 anos, com condições financeiras suficientes para pagar 5 conto numa latinha de breja. E assim vai... A ação de empreendedores e grandes marketeiros pode estar na busca de mercados ainda inexplorados, ou pelo menos, não explorados à exaustão. Como, por exemplo, o de portadores de psicopatologia.

Cena 1:

Você vai na banca comprar cigarro. Chegando lá, você dá uma olhada naquelas revistas que tem uma mina de quatro na capa com cara de vagabunda (estilo Buttman), pensa algumas indecências, tira o dinheiro da carteira, quando ouve um sujeito de avental branco, provavelmente um médico, perguntando ao jornaleiro (prefiro a denominação “o cara da banca”):
- Opa... Chegou já a edição especial da Playboy?
- Chegou hoje, chefe! Deixa eu pegar aqui...Você, esperando para poder pedir o seu cigarro, fica curioso pra saber qual é a capa da nova edição da playboy. Quando o cara da banca entrega a revista pro médico, você vê uma mulher nua (porém, com a mão cobrindo os bicos das tetas e os pentelhos – afinal, é playboy, nu artístico, não é a revista “Safadas e Gulosas”) deitada numa daquelas mesas de necrotério. A manchete (não sei como que se denomina aquele texto na capa) é “Todas mortinhas, bem paradinhas pra você! + Nessa edição: veja Danielle Cicarelli morta! + As mortas mais gostosas do cinema”.
Playboy Edição especial pra Necrófilos.

Já deu pra pegar o espírito da coisa, não deu?

Cena 2:
Tua namorada, você e as amigas dela procurando uma balada na vila madalena, que falaram pra alguma dessas putas (quase todas as amigas da tua mina – não importa que mina - são putas, pode perceber isso) que era uma balada alternativa, a pampa. Você dirigindo, pára o carro no posto de gasolina pra pedir informações:
- Opa! Ô chefe, onde que fica a... Qual é o nome mesmo?
- É na Mourato Coelho. Número 999. Pergunta onde que fica esse número.
- A Mourato Coelho, número 999...
- Ah, acho que sei onde que é... Você pega a segunda direita depois do farol, vai reto três quarteirões e já tá por lá.
- Beleza. Valeu chefe!
Estaciona o carro fazendo baliza. Puta vaguinha de merda, mas você que não vai pagar 10 conto pra manézinho flanelinha filha da puta. Chegando na porta da balada, o som tá estranho, bem alternativo mesmo, você pega do bolso aquele convite que imprimiu no site de baladas pra ter um desconto VIP. Entrando na balada, você percebe que tem alguma coisa errada... Não. Não tem uns caras de barba sem camisa se beijando e se esfregando um no outro. Também não é um monte de casal fazendo troca-troca. Não é uma balada GLS ou uma festa de swing.

Você entrou na Retardad’s Bar & Lounge. “A balada pra você que é retardado!”

CONCLUSÃO: Tem uma puta de uma parcela do mercado que não está sendo explorada. Os necrófilos, zoófilos, esquizofrênicos, retardados, maníacos-depressivos, neuróticos obsessivos, psicóticos, enfim, todos esses portadores de doenças ou deficiências mentais. Excluindo este nicho de mercado da exploração do marketing, vejo um grande preconceito por parte da sociedade. Afinal, seguindo a lógica que aprendemos desde que nascemos, apenas consumindo que nos tornamos cidadãos. Estamos então, ao nos negar a explorar os portadores de psicopatologia, impedindo que os mesmos tornem-se cidadãos conscientes lutando para consumir mais.

3 comentários:

  1. Viva a internet! Cada uma na sua, mas com algo em comum.

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  2. "Venha para o mundo de Marlboro!" (saímos no prejuízo nessa, hein?)

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  3. Pois é, um raro prazer!

    O negócio é transformar isso em uma VANTAGEM: http://www.youtube.com/watch?v=J6brObB-3Ow

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